sexta-feira, 15 de agosto de 2008

'Como vencer a pobreza e a desigualdade'

REDAÇÃO DE ESTUDANTE CARIOCA VENCE CONCURSO DA
UNESCO COM 50.000 PARTICIPANTES!

Tema 'Como vencer a pobreza e a desigualdade'

Por Clarice Zeitel Vianna Silva

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - RJ

'PÁTRIA MADRASTA VIL'

Onde já se viu tanto excesso de falta? Abundância de inexistência...
Exagero de escassez... Contraditórios? Então aí está! O novo nome do
nosso país! Não pode haver sinônimo melhor para BRASIL.
Porque o Brasil nada mais é do que o excesso de falta de caráter,
a abundância de inexistência de solidariedade, o exagero de escassez de
responsabilidade.
O Brasil nada mais é do que uma combinação mal engendrada - e
friamente sistematizada - de contradições.
Há quem diga que 'dos filhos deste solo és mãe gentil.', mas eu
digo que não é gentil e, muito menos, mãe. Pela definição que eu conheço
de MÃE, o Brasil  está mais para madrasta vil.
A minha mãe não 'tapa o sol com a peneira'. Não me daria, por
exemplo, um lugar na universidade sem ter-me dado uma bela formação
básica.
E mesmo há 200 anos atrás não me aboliria da escravidão se soubesse
que me restaria a liberdade apenas para morrer de fome. Porque a minha mãe
não iria querer me enganar, iludir. Ela me daria um verdadeiro Pacote que fosse
efetivo na resolução do problema, e que contivesse educação + liberdade
+ igualdade. Ela sabe que de nada me adianta ter educação pela metade, ou
tê-la aprisionada pela falta de oportunidade, pela falta de escolha, acorrentada
pela minha voz-nada-ativa. A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha
educação gerar liberdade e esta, por fim, igualdade. Uma segue a outra...
Sem nenhuma contradição!
É disso que o Brasil precisa: mudanças estruturais, revolucionárias, que quebrem
esse sistema-esquema social montado; mudanças que não sejam
hipócritas, mudanças que transformem!
A mudança que nada muda é só mais uma contradição. Os
governantes (às vezes) dão uns peixinhos, mas não ensinam a pescar.
E a educação libertadora entra aí. O povo está tão paralisado pela ignorância
que não sabe a que tem direito. Não aprendeu o que é ser cidadão.
Porém, ainda nos falta um fator fundamental para o alcance da
igualdade: nossa participação efetiva; as mudanças dentro do corpo
burocrático do Estado não modificam a estrutura. As classes média e alta
- tão confortavelmente situadas na pirâmide social - terão que fazer mais
do que reclamar (o que só serve mesmo para aliviar nossa culpa)...
Mas estão elas
preparadas para isso?
Eu acredito profundamente que só uma revolução estrutural, feita
de dentro pra fora e que não exclua nada nem ninguém de seus efeitos,
possa acabar com a pobreza e desigualdade no Brasil.
Afinal, de que serve um governo que não administra? De que serve
uma mãe que não afaga? E, finalmente, de que serve um Homem que não se
posiciona?
Talvez o sentido de nossa própria existência esteja ligado,
justamente, a um posicionamento perante o mundo como um todo. Sem egoísmo.
Cada um por todos...
Algumas perguntas, quando auto-indagadas, se tornam elucidativas.
Pergunte-se: quero ser pobre no Brasil? Filho de uma mãe gentil ou de uma
madrasta vil? Ser tratado como cidadão ou excluído? Como gente...
Ou como bicho?

Premiada pela UNESCO, Clarice Zeitel, de 26 anos, estudante que
termina faculdade de direito da UFRJ em julho, concorreu com outros 50 mil
estudantes universitários.
Ela acaba de voltar de Paris, onde recebeu um prêmio da
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) por
uma redação sobre 'Como vencer a pobreza e a desigualdade'.

A redação de Clarice intitulada `Pátria Madrasta Vil´ foi
incluída num livro, com  outros cem textos selecionados no concurso.
A publicação está disponível no site da Biblioteca Virtual da Unesco.

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