sábado, 23 de agosto de 2008

Cabine 'cornofônica' faz sucesso em bar de SP


Ela tem opções que simulam barulho de trânsito, aviões, tiros e até gemidos.
Foi criada para 'salvar' clientes que não querem revelar que estão em um bar.

Foto: Carolina Iskandarian/G1
Carolina Iskandarian/G1
Cabine instalada em bar simula sons para despistar o real paradeiro dos clientes (Foto: Carolina Iskandarian/G1)

Tarde da noite. Preocupada, a mulher liga para saber o paradeiro do marido. Ele atende o telefone e, ao fundo, barulho de carros, buzina, avião, tiroteio e até gemidos. Na verdade, o homem está em um bar, mas corre para a cabine cornofônica, onde pode falar “tranqüilamente” e acionar os ruídos para disfarçar e tentar enganar a esposa ou namorada. A cabine, também usada pelas clientes, foi montada em um estabelecimento nos Jardins, área nobre de São Paulo, e vem atraindo curiosos.

A idéia foi do proprietário do Boteco Brasil, Leopoldo Buosanti Neto, de 40 anos. “Eu via o pessoal saindo desesperado até a rua para atender o celular porque não queria que a mulher descobrisse que ele estava em um bar”, explicou. O empresário jura que a invenção tem feito sucesso até mesmo entre as mulheres. “A opção que mais usam é (barulho) do trânsito”.

Foto: Carolina Iskandarian/G1
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Novidade tem atraído curiosos (Foto: Carolina Iskandarian/G1)

Para chamar a atenção, a cabine cornofônica é vermelha, lembra as de telefone usadas na Inglaterra e fica logo na entrada do bar, inaugurado em 1964. Para o consultor Leonardo de Andrade, 23, não tem como não enganar a companheira. “A mulher acredita. Se eu não avisasse minha namorada de que estou aqui, ia dizer que estava em Cumbica, indo para Manaus. Ela ia ficar maluca”, brincou ele.

Para isso, Andrade apertaria o botão “aeroporto”, em que uma voz simula as que anunciam vôos pelo alto-falante. “Eu nunca vi isso em lugar nenhum. É a cara do brasileiro. É zoeira”, disse. Se escolhesse a opção “chute o balde”, gemidos intensos de mulher poderiam ser ouvidos.

O dono do bar instalou a cabine há alguns meses e revelou que o nome foi eleito após uma votação entre os clientes. De nome sugestivo, a cabine cornofônica venceu denominações como “jeitinho brasileiro” e “Brasília”. Segundo Buosanti, quando o pessoal enjoar dos barulhos, é só trocar por outros.

Pregando peças

Foto: Carolina Iskandarian/G1
Carolina Iskandarian/G1
Marcelo Velasco pregou uma peça na ex-mulher, dizendo que estava no meio de um tiroteio (Foto: Carolina Iskandarian/G1)

Com medo de aparecer e se comprometer de verdade, muitos clientes não quiseram posar para a foto. Mas o representante comercial Marcelo Velasco, de 57 anos, que disse nunca ter entrado na cabine cornofônica, resolveu pregar uma peça na ex-mulher. Ligou do celular, dizendo que estava no trânsito (ele aperta o botão e começam os ruídos) e, em seguida, se viu no meio de um tiroteio. Diante do falso barulho de tiros, a mulher, do outro lado da linha, diz: ‘que horror!’. E Velasco ri, contando a verdade depois.

Apesar da brincadeira, ele não quis ligar para a namorada, que não sabia onde o companheiro estava. “Só para perturbar, eu ia apertar o botão ‘chute o balde’ e ver o que ela acharia. Ia ficar brava”, previu o cliente brincalhão.

A jornalista Valéria Lima, de 30 anos, também gostou da idéia e se arriscou em dizer que as mulheres mentem melhor do que os homens. “Elas disfarçam melhor. Temos mais idéias”, afirmou. Valéria usou a cabine para conseguir ouvir o que o amigo dizia ao telefone. Disse que está sem namorado, mas admitiu que, às vezes, é preciso inventar uma historinha. “De vez em quando, dou uma desculpa porque não quero que a pessoa saiba onde estou. Há mentiras que são necessárias”, contou, rindo.

Situação diferente. Ao toque do celular, o analista de rede Márcio Nestorenko, 29, deixa o bar e conversa com a mulher na esquina, no meio da rua. “Não sei mentir. Acho que o barulho da cabine não convence. É abafado. Ela é boa para quem quer mentir”, informou o freqüentador assíduo do Boteco Brasil. Questionado se tinha certeza de que a mulher o esperava em casa, ele riu. “Ouvi o barulho da nossa filha de 5 meses”. Sorte dele.

Carolina Iskandarian Do G1, em São Paulo

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