terça-feira, 22 de julho de 2008

Conexão doméstica entre celular e fixo pode ser próxima revolução

Eric Sylvers

  Até agora, o traço dominante dos celulares vinha sendo a simplicidade ¿ o aparelho, o carregador e, talvez, um cabo que permite conexão com um computador. Mas chegou a hora de o setor tentar convencer os consumidores de que eles precisam em suas casas de um dispositivo conhecido como femtocélula, que oferece melhor serviço de celulares em áreas fechadas ao gerar conexão sem fio entre o celular e uma conexão de banda larga fixa à Internet.

Isso permite que o celular seja usado também para acesso à infra-estrutura de telefonia fixa, que em geral oferece mais capacidade e velocidade superior. Originalmente projetadas para melhorar a cobertura de celulares em espaços fechados, as femtocélulas ¿ que têm tamanho e aparência semelhantes às de uma antena doméstica de comunicação Wi-Fi ou modem de cabo - são agora vistas como maneira de oferecer novos serviços e reduzir o tráfego nas congestionadas redes de telefonia móvel.

De acordo com algumas estimativas, cerca de um terço dos telefonemas feitos de celulares são gerados de casa, já que os consumidores usualmente optam pela telefonia fixa, cujas chamadas são mais baratas, ou pelo uso do computador e de serviços de telefonia via Internet como o Skype.

Com a melhora na cobertura de celulares em áreas fechadas, uma área do mercado de telefonia móvel que continua deficiente nos Estados Unidos, Europa e muitos países desenvolvidos, mais gente poderia optar pelo uso de celulares em casa, o que ajudaria a elevar a receita das operadoras de telefonia móvel.

Femtocéululas
"As femtocélulas oferecem a operadoras de telefonia móvel uma maneira de tornar seus serviços competitivos em ambientes fechados, e competitivos não só diante dos serviços de telefonia fixa mas de computadores dotados de conexão de banda larga com a Internet", disse Andy Tiller, vice-presidente de marketing da ip access, uma companhia britânica que produz femtocélulas.

A ABI Research está prevendo que haverá 70 milhões de femtocélulas em operação no mundo em 2012. A ip access e a Motorola estão testando femtocélulas na Europa Ocidental, e há testes com grande volume de usuários em progresso em diversas regiões do mundo, por exemplo o Japão, em um projeto que envolve a operadora de telefonia móvel NTT DoCoMo e a Softbank, uma empresa de software. Outras operadoras e fabricantes de equipamento que já estão conduzindo testes ou os planejam para breve incluem Vodafone, AT&T, Alcatel-Lucent e Ericsson.

A Sprint, uma operadora de telefonia móvel norte-americana, já tem femtocélulas à venda em Nashville, no Tennessee, e está planejando introdução nacional do produto no mercado dos Estados Unidos em 2008. Emmy Anderson, porta-voz da Sprint, disse que a resposta dos consumidores desde que o serviço foi introduzido no mercado, em setembro, foi "positiva", mas não revelou quantas pessoas assinaram o serviço. Os clientes da Sprint podem adquirir o aparelho por US$ 50; acesso ilimitado à rede de telefonia doméstica custa US$ 15 ao mês.

O início dos serviços da Sprint, que transferem as chamadas para as redes de telefonia móvel automaticamente quando o usuário fica fora do alcance de sua femtocélula, já está levando alguns executivos a classificar o novo modelo de negócios como revolução, ainda que outros observadores optem por manter a cautela.

"O setor continua envolvido em testes, e algumas pessoas estão tirando conclusões apressadas", disse Alan Lefkof, vice-presidente de banda larga na Motorola. "Os grandes lançamentos de serviços e produtos não acontecerão no trimestre que vem; eles virão no final de 2008 ou começo de 2009".

As femtocélulas concorrerão com um serviço semelhante que ligará as redes de telefonia móvel à Internet fixa por meio de um ponto de acesso Wi-Fi. Diversas operadoras de todo o mundo, entre as quais a T-Mobile, nos Estados Unidos, já oferecem essa combinação. A opção tem a vantagem de não requerer qualquer equipamento adicional, mas o usuário precisará de um celular com recursos Wi-Fi, produto que continua a ser vendido apenas em nichos de mercado. Já uma femtocélula 3G opera com qualquer celular de terceira geração (3G).

Os obstáculos ao sucesso das femtocélulas continuam a ser elevados. Elas precisam ter força suficiente para cobrir toda a área da casa, mas não são fortes o suficiente para interferir com as redes de telefonia móvel principais; precisam ser fáceis de instalar e usar, para os consumidores; e ainda não está claro se será possível operar femtocélulas de operadoras diferentes ao mesmo tempo em um mesmo lugar.

As operadoras de telefonia móvel também precisam convencer os consumidores a arcar com o custo de compra das femtocélulas, que pode variar de US$ 50 a US$ 200, a depender dos subsídios oferecidos pelas operadoras. As femtocélulas sofreriam desafio adicional caso os consumidores as vejam como maneira de transferir as despesas de um serviço essencial dos celulares ¿ a cobertura em espaços fechados - para os assinantes.

Mas Lefkof disse que as pessoas já se acostumaram a pagar por antenas de acesso Wi-Fi e que a aquisição de uma femtocélula seria vista como uma transação semelhante, a ser realizada apenas uma vez. A chave para as operadoras de telefonia móvel, na opinião de Lefkof e Tiller, será combinar as femtocélulas a novos serviços capazes de atrair mais consumidores.

Em última análise, a operadora terá de fazer uma proposta atraente para convencer o consumidor a levar uma femtocélula para casa e começar a utilizá-la¿, disse Tiller. ¿Os usuários finais precisam perceber que estão tirando alguma vantagem adicional dessa empreitada¿.

Tradução: Paulo Migliacci ME 

Herald Tribune

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