quinta-feira, 15 de maio de 2008

O Conto de Fadas dos Tempos Modernos.

             Era uma vez uma princesa. Ela morava em uma torre. Pensava que em seu castelo e sob a proteção de seu pai estava protegida de todo e qualquer mal. Sua história não diferia de tantas outras estórias e histórias. Sob o mesmo teto um novo casamento convivia com a sombra de uma união anterior.

            A madrasta vivia com a jovem princesa, porém, consumida pela insegurança perguntava todos os dias ao seu espelho interior: "Espelho, espelho meu, existe alguém mais poderosa nesta casa do que eu?".

            Esta situação se repete cada vez mais no nosso dia-a-dia, felizmente, com finais diferentes do que aconteceu no caso Isabella. Novas uniões geram uma série de pequenas inseguranças e dificuldades que com um pouco de paciência e muito diálogo podem ser superadas.

            O problema é que as pessoas vivem atualmente num ritmo tão alucinante que o que acaba acontecendo é uma banalização das relações, onde terminar uma família e começar outra é algo que não tem demandado uma análise mais profunda dos pais ou um tempo de adaptação onde tais dificuldades possam ser amenizadas.

            Os contos de fadas como uma representação alegórica da vida nos ensinam que as dificuldades da vida existem. Que para que a pessoa cresça e escreva a sua história, ela deverá ter o seu mérito pessoal, mas, deverá contar com o auxílio de uma força mágica que equilibre o seu desamparo diante do mundo.

            Nos contos de fada, esta força mágica pode ser representada por super-poderes, por uma fada madrinha, ou por um objeto, como uma espada mágica, por exemplo. No mundo real, é geralmente representada pela figura dos pais.

            Recorri aos contos de fadas para abordar este assunto, por entender a indignação da população diante do ocorrido, mas, por lamentar a exploração do caso para aumentar a audiência de telejornais. Entendo a indignação da população por faltar neste conto de fadas algo que equilibrasse as forças, uma fada madrinha ou uma capa mágica que pudesse ter dado alguma chance de vida à Isabella.

            Como nos contos de fadas gostaríamos que existisse uma outra saída. Gostaríamos que a princesa pudesse ser despertada com um beijo de amor sincero de sua mãe ou que uma fada pudesse acordá-la de seu sono sem que ela tivesse a mínima lembrança do ocorrido. Gostaríamos que esta história terminasse dizendo que eles viverão felizes para sempre.


Fabrício Siqueira

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