terça-feira, 20 de maio de 2008

História verídica

 Ricardinho não agüentou  o cheiro bom do pão e falou:

- Pai, tô com fome!!!
     

O pai,  Agenor , sem ter um  tostão no bolso, caminhando desde muito cedo em busca de  um trabalho,
olha com os olhos marejados para o filho e pede  mais um pouco de paciência...

- Mas pai, desde ontem não comemos nada, eu tô com muita fome, pai!!!

Envergonhado, triste e humilhado em seu coração de pai,
Agenor pede para o  filho aguardar na calçada enquanto entra na padaria a sua frente
Ao entrar dirige-se a um homem no balcão:
     

- Meu senhor, estou com meu filho de apenas 6 anos na porta, com muita fome, não tenho nenhum tostão,
pois sai cedo para  buscar um emprego e nada encontrei,
Eu lhe peço que em nome de Jesus me  forneça um pão para que eu possa matar a fome desse menino,
Em troca posso  varrer o chão de seu estabelecimento, lavar os pratos e copos,
ou outro  serviço que o senhor precisar!!!
     
Amaro , o dono da  padaria estranha aquele homem de semblante  calmo e sofrido,

pedir comida em troca de trabalho e pede para que   ele chame o   filho...

Agenor pega o   filho pela mão e  apresenta-o a Amaro, que  imediatamente pede que os dois sentem-se junto
ao balcão, onde manda servir dois pratos de comida do famoso PF (Prato  Feito) - arroz, feijão, bife e ovo...
Para Ricardinho era um sonho, comer após tantas horas na rua...
Para Agenor , uma dor a  mais, já que comer aquela comida maravilhosa fazia-o lembrar-se da esposa
e mais dois filhos que ficaram em casa apenas com um punhado de  fubá...
     

Grossas lágrimas desciam dos seus olhos já na primeira garfada...

A satisfação de ver seu filho devorando aquele prato simples como se fosse um manjar dos deuses,
e lembrança de sua pequena família em casa, foi demais para seu  coração tão cansado de mais de 2 anos
de desemprego, humilhações e  necessidades...
Amaro se aproxima  de Agenor e  percebendo a sua emoção, brinca para relaxar:


- Ô Maria!!! Sua comida deve estar muito ruim... Olha o meu amigo está até chorando de tristeza desse bife,
será  que é sola de sapato?!?!

Imediatamente, Agenor sorri e diz  que nunca comeu comida tão apetitosa, e que agradecia a Deus por ter esse prazer...
Amaro pede então  que ele sossegue seu  coração, que almoçasse em paz e depois conversariam sobre  trabalho...
     

Mais confiante, Agenor enxuga as  lágrimas e começa a almoçar, já que sua fome já estava nas  costas...  


Após o almoço, Amaro  convida Agenor para uma  conversa nos fundos da padaria, onde havia um pequeno escritório...

Agenor conta então  que há mais de 2 anos havia perdido o emprego e desde então, sem uma  especialidade
profissional, sem estudos, ele estava vivendo de pequenos  "biscates aqui e acolá", mas que há 2 meses não recebia nada...

Amaro resolve  então contratar Agenor para  serviços gerais na padaria, e penalizado, faz para o homem uma cesta  básica com  
alimentos para pelo menos 15 dias...

Agenor com lágrimas  nos olhos agradece a confiança daquele homem e marca para o dia seguinte seu início no trabalho...

Ao chegar em casa com  toda aquela "fartura", Agenor é um novo  homem - sentia esperanças, sentia que sua vida iria tomar novo  impulso...
     

Deus estava lhe abrindo mais do que uma porta, era  toda uma esperança de dias melhores...

No dia seguinte, às 5 da  manhã, Agenor estava na  porta da padaria ansioso para iniciar seu novo  trabalho...
     

Amaro chega logo  em seguida e sorri para aquele homem  que nem ele sabia porque  estava ajudando...

Tinham a mesma idade, 32 anos, e histórias  diferentes, mas algo dentro dele chamava-o para ajudar aquela  pessoa...
E, ele não se  enganou - durante um ano, Agenor foi o mais dedicado trabalhador daquele estabelecimento, sempre honesto e  
extremamente zeloso com seus deveres...

Um dia, Amaro chama   Agenor para uma  conversa e fala da escola que abriu vagas para a alfabetização de  adultos um quarteirão acima da padaria, e  
que ele fazia questão que Agenor fosse estudar...

Agenor nunca  esqueceu seu primeiro dia de aula: a mão trêmula nas primeiras letras e a  emoção da primeira carta...
     

Doze anos se passam desde aquele  primeiro dia de aula...

Vamos encontrar o Dr. Agenor Baptista de Medeiros , advogado, abrindo seu escritório para seu  cliente,
e depois outro, e depois mais outro...  
Ao meio dia   ele desce para  um café na padaria do amigo Amaro, que fica  impressionado em ver o "antigo funcionário"
tão elegante em seu primeiro  terno...
Mais dez anos se passam, e agora o Dr. Agenor Baptista , já com  uma clientela que mistura os mais necessitados
que não podem pagar, e  os mais abastados que o pagam muito bem, resolve criar uma Instituição  que oferece  
aos desvalidos da sorte, que andam pelas ruas, pessoas  desempregadas e carentes de todos os tipos, um prato de comida diariamente na hora do almoço...
Mais de 200 refeições são servidas diariamente naquele lugar que é administrado pelo seu filho , o agora  nutricionista Ricardo Baptista...
     

Tudo mudou, tudo passou, mas a amizade  daqueles dois homens, Amaro e   Agenor  impressionava a todos que conheciam um pouco da história de cada  um...        

Contam que aos 82 anos os dois faleceram no mesmo dia, quase  que a mesma hora, morrendo placidamente com um sorriso de dever  cumprido...

Ricardinho , o filho  mandou gravar na frente da "Casa do Caminho", que seu pai fundou com tanto  carinho:
     

"Um dia eu tive fome, e você me alimentou. Um dia eu  estava sem esperanças e você me deu um caminho.
Um dia acordei sozinho,  e você me deu Deus, e isso não tem preço. Que Deus habite em seu coração e  alimente sua alma.
E, que te sobre o pão da misericórdia para estender  a quem precisar!!!"
 

    
     


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